Yamadoris do outono 2013,

Boa noite pessoal,
depois de meses a fio a visitar este forum, que em tempos era tão movimentado e didático, dou-me conta de que neste momento lhe está a acontecer o mesmo que aconteceu a outro forum que em tempos que já lá vão era muito popular e visitado por todos os aficionados experientes e por noviços e curiosos desta arte milenar. Eu, por mim, e devido a razões pessoais e por indisponibilidade financeira e por razões de trabalho, sempre estive muito dependente do que os companheiros mais experientes aconselhavam no que diz respeito ao melhor caminho a seguir em termos de design, cultivo e cuidados gerais a ter com as diversas especies de arvores que compõem as nossas coleções, mas agora dou-me conta (sempre na esperança de estár errado) de que esse espirito de comunicação e discução saudavel ao qual me tinha habituado passou de moda, e que agora para alem de vêr alguns trabalhos espantosos no "livro da cara" se é que me entendem, deixou de haver interesse pelo nosso forum com o qual tanto apredi, e creio que muitos outros para alem de mim. Para os poucos que leiam este desabafo, não desejo ferir sensibilidades, mas pedir que ajudem a salvar esta mais-valia do bonsai português. e sem mais me queixar, aqui vão algumas imagens das minhas humildes descobertas aqui pelos Algarves, abráços...

Viva Fernando!

Sou 1 dos 12 que leu o teu post mas o 1º a responder!

É realmente infeliz o que aconteceu com este fórum onde tal como disseste, também me abriu os olhos para o bonsai e foi onde adquiri alguns conhecimentos através da troca de opiniões que existia. Além disso é inegável a qualidade de alguns tópicos por aqui!!
Confesso que também eu perdi o interesse em visitar este fórum dado o pouco feedback dos últimos tempos..

À parte disso, onde arranjas espaço para tantos yamadoris??!?!?!?   
Deves ter uma bela coleção!   

Abraço

Olá Fernando e Gabriel,

De facto o facebocas veio lixar isto tudo. Muita coisa mudou e eu também acho que se perdeu muito com a mudança para o dito. É muito mais difícil seguir projectos lá (não existe grande organização) e nada importante é normalmente abordado e aprofundado - o feedback resume-se a "gosto" e pouco mais. Eu pensava que não havia muitas pessoas neste fórum com a mesma perspectiva, mas agora vejo que há mais uns quantos e que por esses vale a pena cá meter umas coisitas de vez em quando, na esperança de que haja alguma interacção.

Fernando, gosto particularmente da nº 5. Presumo que seja uma oliveira silvestre. Se o yamadori correr bem é uma árvore para seguir atentamente!

Um abraço,
Pedro

Viva !

Fernando, efectivamente tens muita razão! Durante muito tempo tentamos alimentar o fórum de tópicos com árvores nossas, muitos dos tópicos fazem parecer um feudo dos moderadores...

Eu, infelizmente (ou felizmente) tenho participado pouco, pois tenho tido muito trabalho e o que publico é no FB, com fotos tiradas nos momentos livres com o Telemóvel...é uma questão de ser mais fácil a publicação, mas continuo a gostar mais da discussão e publicação nos fóruns, mas para isso é preciso haver feedback dos outros users

Bem, voltando ás tuas árvores....tu és o "Olea man" !!! Bom material, umas melhores que outros, mas tu provas que há oleas boas para yamadori em Portugal!

E as tuas Bougies?

Olá Mário, obrigado pelo feedback, estou de momento de olho em outras espécies por aqui que me deixam extasiado, nomeadamente, alguns juniperus phoenicia turbinata, mas só vou tocar neles quando tiver as melhores condições possiveis para a recolha, aqui vão algumas imagens do que estou a falár...

Boa noite Gabriel,
Eu sou da opinião de que quando algo é bom á que alentar-lo, eu entendo que toda a gente muda, os tempos mudam, as redes sociais ajudam a difundir e a mostrar o que vamos querendo mostrar,como "quase" bem diz o Pedro Almeida, "o Facebocas veio lixar isto tudo", mas, tambem temos que entender o facto de que se não fosse por esta e outras redes sociais, há muita gente por esse mundo fóra que ainda continuaria a pensar que bonsai são aqueles ficus fatélas que se compram nos supermercados, mas para aqueles que já deram máis um passinho e viram, mais que não seja, na internet, as obras primas que se vão criando pelo mundo fora, é bom conservar a existencia de sitios como este mesmo, onde graças ás variadas opiniões, gostos pessoais e refinamento de conhecimentos aos mais variados niveis, nos vão abrindo os horizontes aqueles que não sabem muito, e assim criando uma afição que talvez um dia possa mostrar que a arte está viva, de boa saude e a subir como a espuma, neste país á beira mar plantado...Quanto áo espáço, não me falta, por isso... venham yamadoris  

Pedro, boa noite, sou um seguidor ávido de todos os trabalhos teus apresentados aqui no forum, o teu conhecimento a nivel tecnico e de cultivo, especialmente a nivel de coniferas é algo admirável, eu proprio, tenho um "medo do caráças dos pinheiros", até agora só tive um, que veio da Gran Bretanha, e este ano, foi-se para o céu dos pinus, como tal, se quiseres detalhar na manutençao e cuidados desta espécie e subspécies em geral, terás em mim um fiel seguidor e aprediz, obrigado por responder ao meu humilde desabafo...

Quanto a ser o "Olea Man", é pá, vou já pedir um cartão de sócio aos "x-man" club,   
ó Mario, elas estão por todo lado, pelo menos aqui onde vivo, só á que saber encontrá-las.
Quanto ás bugas, quando eu achar que vale a pena, volto a mostrar aqui no forum, assim como os diversos passos tomados para chegar lá, mas estão de saude, a cresçer com força, so um pouco feias devido aos "dead wood works" em progresso, mas desde já aviso, que estes são bem radicais....

Olá Fernando,

sou um seguidor ávido de todos os trabalhos teus apresentados aqui no forum

Ora aí está uma boa motivação para regressar às publicações regulares. :)Confesso que me abstenho de publicar mais coisas porque o fórum se tornou muito silencioso. Como diz o Mário, fica a parecer uma "montra dos trabalhos dos moderadores", e como o que me interessa é a troca de experiências (e não qualquer tipo de protagonismo), deixo-me estar no meu canto.

se quiseres detalhar na manutençao e cuidados desta espécie e subspécies em geral

Eu estou longe de ser especialista nas coníferas. Tenho a sorte de os pinheiros negros do Japão gostarem do meu clima, com outras espécies de pinheiros não tenho experiência. Correndo o risco de poluir o teu tópico, posso falar um pouco sobre eles. A espécie (Pinus thunbergii) é extremamente resistente, mesmo sem ter em conta que são pinheiros. Os aspectos da manutenção e refinamento são muito diferentes dos aspectos relacionados com o desenvolvimento de troncos, ramos, etc. Posso falar um pouco sobre os dois.

Quanto a manutenção e refinamento, o meikiri é a principal técnica a aplicar. Costumo fazê-lo, nas árvores que não são shohin, assim que as agulhas novas começam a ficar maduras. Um bom teste para determinar quando está na altura é pressionar ligeiramente as agulhas com a ponta dos dedos: quando as agulhas começarem a penetrar na pele, então está na altura. Isto costuma acontecer no mês de Junho. O meikiri deve ser feito de maneira diferente nos ramos muito vigorosos, medianamente vigorosos, e pouco vigorosos (nos ramos fracos, nada de meikiri). Deves começar pelos pouco vigorosos, removendo completamente os rebentos novos pela base, fazendo um corte transversal. Cerca de 10 dias mais tarde, fazes o mesmo nos ramos medianamente vigorosos e depois de outros 10 dias tratas dos muito vigorosos. Após umas 3 ou 4 semanas vais ver que aparecem imediatamente atrás de onde cortaste vários rebentos novos. Já vi entre 1 (raro) e 7 (raro também). Normalmente variam entre 3 e 5. Desses novos rebentos, deves deixar apenas dois. Eles devem ser escolhidos de acordo com o vigor e o posicionamento, tendo em vista a direcção ideal para a ramificação. Desta forma, duplicas a ramificação de uma árvore em apenas uma estação de crescimento. Na altura do meikiri podes também remover algumas das agulhas dos anos anteriores nos ramos mais vigorosos. No Outono, normalmente em Novembro, removes todas as agulhas que restam do ano anterior e deixas 3 pares das agulhas novas nos ramos muito vigorosos, 5 pares nos medianamente vigorosos e 7 pares nos pouco vigorosos. A adubação deve ser extremamente agressiva na primavera, para que a árvore tenha força para emitir rebentos novos após o meikiri, deve ser suspendida após o meikiri, para que os rebentos pós-meikiri não se alonguem muito, e extremamente agressiva novamente no outono, para ajudar a que os rebentos que nascem na madeira velha fiquem fortes e sejam viáveis na primavera seguinte.

Se a árvore for shohin, então a diferença é que o meikiri é feito cerca de 1 mês mais tarde para que os novos rebentos não tenham tanto tempo para crescer. Isto dá uma ramificação mais compacta e agulhas mais curtas.

Chamo a tua atenção para o facto de que nem todos os nishiki-matsu gostarem de meikiri. Às vezes os rebentos produzidos ficam latentes até ao ano seguinte, noutros casos tens apenas um rebento e não dois. Para estas espécies muitas vezes o melhor é podar a rebentação nova no outono sempre que necessário. A árvore responderá, normalmente, com rebentação mais atrás que será útil na primavera seguinte. As variedades yatsubusa (como o meu gansekisho) respondem ao meikiri de forma errática, produzindo muitos rebentos adventícios que são, muitas vezes, inúteis no que diz respeito à construção de uma ramificação regular. Nestas árvores é melhor não fazer meikiri - elas produzem tantos rebentos no outono que há sempre algo que possa ser aproveitado na primavera seguinte para aumentar a ramificação ou substituir ramos demasiado longos e sem interesse. Nas árvores em que não se faz meikiri a alimentação deve ser equilibrada todo o ano.

Quanto ao desenvolvimento de troncos e ramos, isso é feito através de ramos de sacrifício. Nesses ramos, costumo deixar apenas as agulhas do ano anterior (as outras removo todas) e deixo apenas o rebento apical, que é o dominante. Aparentemente, isto promove engrossamento mais rápido. Nestas árvores, em desenvolvimento, só se deve fazer meikiri em casos especiais e bem justificados, caso contrário há o risco de desequilibrarmos definitivamente a competição entre o ramo de sacrifício e os ramos que serão usados para a estrtura da árvore.

Os kuromatsu são agora de importação proibida do Japão para a Europa e é cada vez mais difícil encontrá-los no mercado. Quando aparecem, normalmente é a um preço absurdo. Eu daqui a uns 3 ou 4 anos sou capaz de chegar à conclusão de que tenho alguns a mais (dos que estou a cultivar de semente). Quem estiver interessado em receber um desses pinheiros (não sei quantos serão ao todo) envie-me MP.

Uma palavra de aviso: os kuromatsu consomem imenso tempo, especialmente se já estiverem bem ramificados, e são verdadeiramente viciantes.

Espero que isto ajude.

Um abraço,
Pedro

Caro Pedro, mil obrigados pelos teus conselhos no que diz respeito aos pinheiros "kuromatsu", se quando chegar a altura ainda tiveres algumas mudas disponiveis, eu fico com uma, se alguma vez vieres aqui ao Algarve, não te esqueças de deixar saber, e assim vens fazer uma visita e conhecer aqui o meu humilde canto, abráço...

Já agora, só para mostrar mais uma das minhas recolhas recentes, aqui vái uma olea que no meu entender, poderá vir a sêr uma arvore de sonho, de momento está a despertár, e estranhamente manda raizes na parte superior do tronco ao mesmo tempo que rebentos e...eu sei lá, se calhár vou levá-la ao "sicologo", tá tão confundida, coitadinha, lol...







Agora fora de brincadeiras, toda esta ação é devido ao estár fechado dentro de um saco negro com humidade a cem por cento durante mês e meio, e isto, meus amigos é o "segredo" numero um da recuperação de oleas, abráços...

Olá Fernando,

De facto essa oliveira será um boa árvore. Obrigado pela partilha do método do saco.

Se me permites o off topic, voltando à questão dos pinheiros, talvez te interesse a leitura do artigo de 15 páginas sobre o assunto na Bonsai Activo:

http://www.bonsaiclubedoporto.com/bcporto/index.php/Revista-Bonsai-Activo/b.html

É a melhor descrição dos métodos que conheço.

Um abraço,
Pedro

Boas,
belas bases de oleas para trabalhares Fernando,gosto da 1a e desta ultima    
nota-se bem a sua rusticidade nos troncos e madeira morta provenientes do meio de onde vivem(perto da costa),tenho uma certa inveja saudável de não viver mais perto da costa/falésias e de não ter viatura própria:lol: ,pois as arvores aqui na minha zona"quase plana" não sofrem nem ganham esses pormenores das arvores dessa zona  
força com isso,1abrç...

Olá Pedro, estas não vêm da costa, mas sim de aproximadamente 14km para o interior, e a ultima é de facto uma peça de nebari de uma olea do vale onde vivo, olha lá, já ouviste falar de comboios? Se quizeres passar por aqui em baixo, basta apanhar um e sair na estação de Tunes, dou lá um pulinho na carrinha a buscar-te, e passas aqui um fim de semana a pesquizar comigo, o convite fica feito.Abráço.