Quercus robur - perda de ramos vs. altura de transplante

Caros amigos,

fiz um Yamadori de um quercus robur em Fev. 2008 que nessa data correu lindamente. Apesar de ter lido posteriormente que existia a grande probabilidade de morrerem hastes completas de um ano para o outro não tive problemas desses até à data e não só recuperou bem como este ano demonstrou um vigor bastante bom.
Na altura da recolha decidi deixar uma raíz apical bastante grande (ca. 15 cm) uma vez que apresentava dois tufos de raízes separados por um pedaço de raíz apical sem raízes finas. Agora esta Primavera tinha em mente verificar o estado de raízes, reduzir a tal apical e tranplantar para um vaso mais raso.

Quanto ao problema do cultivo de robur em bonsai já tinha lido em várias fontes (net em geral, revistas espanholas etc.) que eu próprio ainda não "senti na pele". Para evitar outros erros voltei agora intensivar a pesquisa e encontrei este artigo bastante interessante: http://www.bonsai4me.com/AdvTech/ATquercus%20rootpruning%20and%20repotting.htm

Este mesmo levantou várias questões. Alguém de vocês conhecia e tem experiências com o transplante de robur não quando os brotes começam a inchar mas sim já com as folhas desenvolvidas?
Obviamente que este artigo para ser aplicado em Portugal teria que ter alguns ajustes. O autor fala em temperaturas amenas (abaixo de 25C e tempo húmido) e por isso aconselha o transplante em Agosto/Setembro (cada vez mais entendo porque os ingleses invadem o nosso Algarve e andam em T-Shirt no Inverno ). Acredito por isso que para Portugal significaria um transplante aí em Maio/Junho com as folhas já desenvolvidas... Alguém já teve a "coragem" de experimentar?!?

Viva!

Eu tenho um quercus robur, na altura da recolha, tinha uma raíz pivot muito grande, que radicalmente cortei....a coisa correu bem, o que me facilitou a vida nos anos seguintes e por conseguinte a colocação no vaso. Mas sempre o transplantei na fase pré-brotação.

O transplante e/ou recolha na altura que referes é viável, embora no nosso clima seja mais arriscado, pelo factor de desidratação. A lógica da operação nessa altura, prende-se com o fluxo de seiva, pois estás a transplantar numa altura em que as folhas já estão maduras e que estão numa fase de produção de reservas para armazenar, logo numa fase descendente da seiva e criação de raízes... O Grande busilis da questão é a desidratação! Se apanhar uns dias de temperaturas altas e/ou vento, a transpiração da árvore pode ser superior á capacidade de absorção de liquidos e a planta pode desidratar. Acontece por vezes perder as folhas como defesa natural e depois volta a rebentar, mas se ainda não tem raízes suficientes para nova brotação, então colapsa.

Eu tenho recolhido Faias com essa técnica e os resultados são muito bons, recolho no final de Agosto para inicio de Setembro, faço apenas um ligeiro equilibrio de folhagem e a planta tem tempo, até "outonar", de criar raízes e armazenar energia, o mesmo se passa com os pinus e outras espécies.

Como em tudo, há uma série de factores que depois não conseguimos controlar e que podem ditar o sucesso ou não, muitas vezes a sorte tem que nos acompanhar, pois já me aconteceu transplantar árvores com muita raíz e elas morreram e ás vezes tocos sem raíz nenhuma de espécies semelhantes sobrevivem !

Olá Mário, um bom ano para ti e obrigado pela resposta.

Eu tenho exactamente as tuas dúvidas e por isso é que questionei se mais pessoas já experimentaram o relatado no artigo do bonsai4me. Eu inicialmente escrevi Maio/Junho, mas creio que o tempo mais comparável aqui em Portugal com o relatado no artigo será até Abril/Maio.

Eu teria o mesmo receio da desidratação uma vez que por vezes temos temperaturas próximo dos 30C já em Março e Abril. Por isso é que o autor também descreve a submersão do vaso durante ca. de 3 semanas...

Já fiz dois Yamadori de robur como tu próprio dizes na pré-brotação. Ambos correram bem e ambos continuam vivos e de boa saúde (apesar de um já não estar comigo uma vez que o ofereci a um amigo).

Como escreves no teu blogue as primeiras plantas estão a começar a mexer e tanto no meu crataegus como no robur parece que os brotes estão a começar a inchar. Se este tempo ameno continuar creio que não irei arriscar desta vez e devo transplantar o robur ainda este mês ou no início de Fev. dependendo do seu desenvolvimento...

(Engraçado, porque os Ulmeiros só agora é que estão a perder a maioria das folhas e ainda não verifiquei brotes novos. Provavelmente vou defoliar manualmente para proceder à poda de Inverno antes de aparecerem os novos brotes).

Mais uma vez obrigado pela tua resposta e tenho alguma pena de haver relativamente pouca troca de informações no que diz respeito ao cultivo... Bem sei que não é um tema fácil de apresentar (como p.ex. a evolução de um projecto). Mas alguma dicas de experiências (positivas ou negativas) poderão evitar alguns erros ou dar outras ideias no cultivo e na fitosanidade.

Viva Nelson!

Eu acho que o equivalente para nós será precisamente finais de Agosto e não mais cedo, pois se o fizeres em Abril, Maio, corres o risco de teres um verão muito quente e aí tenho quase a certeza que as coisas correrão mal!

É engraçado referires isso dos ulmeiros, pois o meu, estive a defoliar as folhas que não tinham caído, e reparei que os brotes já estavam a inchar, mesmo não tendo perdido todas as folhas do ano que passou. Os ulmeiros no meu sitio, nunca perderam totalmente as folhas!