Eleagnus Pungens

Viva!

Tenho estado aqui a ganhar coragem e a tentar encontrar aqui um projecto adequado para iniciar a minha participação a este nível aqui no fórum. Resolvi escolher este eleagnus porque ainda não tenho visto muito esta espécie aí nos fóruns de bonsai e tem sido uma planta que me tem cativado de dia para dia.

É um dos projectos que tenho desenvolvido no Curso no Jardim Bonsai de Tavira com o Rui Ferreira e se resolvi experimentar com esta espécie, foi influenciado por ele pois ele considera uma boa planta para trabalhar no clima algarvio. Os exemplares que ele tem no Jardim Bonsai são fantásticos e foram todos criados de raiz a partir de árvores de viveiro.

É engraçado reparar que não se vêm muitos exemplares por cá, embora no Japão seja uma árvore muito utilizada em bonsai. Tem características muito próprias, e agrada-me especialmente pela cor da folha jovem, com tons dourados, sendo uma planta com uma floração aromática e uma frutificação muito bonita no outono, em que os frutos passam de dourado a um vermelho-rosa.

Encontrei este eleagnus num viveiro em Lagoa, e vou ser sincero, comprei-o mais porque queria experimentar com esta espécie do que por considerar que tinha características excepcionais. Aqui está a planta antes de ser trabalhada pela primeira vez no curso com o Rui Ferreira. Infelizmente não cheguei a tirar fotos depois da primeira intervenção, mas ficou logo definido que iria ser trabalhada em semi-cascata.



Aqui está a planta antes da segunda intervenção.



Depois de ser trabalhada e com a inclinação desejada:



Em Fevereiro, foi transplantada e colocada neste vaso. Tinha uma raiz muito chata que felizmente pôde ser retirada logo nesta intervenção. O vaso penso que casa bem com esta planta, e vai fazer um bom contraste com os frutos no Outono. Ainda tem muito caminho para andar, mas gosto bastante desta planta e tenho esperança de que possa vir a ser um bom bonsai.

Viva Nuno!

É uma espécie que me agrada muito!

Acho que fizeste bem em optar pela semi-cascata, no entanto acho que o vaso é sobre-dimensionado. Nesta fase de desenvolvimento do projecto até é bom que seja assim, mas para vaso futuro acho que ficaria melhor um vaso mais pequeno.

Eu provavelmente irei para uma opção mais arrojada em termos de design, por forma a compactar mais a árvore e dar mais caráter á zona terminal do tronco, cortando-o muito curto próximo do ramo que serve de ápice. Irias perder volume nesta fase mas a longo termo ficaria a meu ver um projecto mais interessante.

Algo parecido com este rápido virtual, mas não tão geométrico



É evidente que o vaso ainda irá parecer maior assim.

Viva, Mario!

De facto, o vaso é um pouco sobredimensionado para a árvore actualmente. Foi usado um pouco como solução de recurso, mas o objectivo foi dar igualmente bastante espaço para o crescimento de raízes de modo a potenciar o desenvolvimento da planta.

Embora seja um vaso relativamente grande para a planta actualmente, pode até ser que no futuro, com um bom desenvolvimento da copa, essa diferença deixe de se notar. Mas a tua opção de uma árvore mais compacta também é um possível alternativa.

Obrigado pelo contributo.

Abraço,

Olá Nuno,

Como vai este Eleagnus?

Viva Rui,

Tem evoluído neste período. Já passou a época da floração e está a desenvolver os frutos. Ainda tem muito que andar, principalmente ao nível da ramificação, e precisa de um vaso novo porque este é muito grande para a imagem futura da árvore.
Não tenho fotos tenho fotos actualizadas mas vou ver se consigo ter tempo de tirá-las neste fim-de-semana.

Abraço,

Como o prometido é devido, aqui fica uma foto actualizada deste eleagnus.

Foi defoliado em Janeiro, por isso está um pouco despido e a foto foi tirada em cima da bancada, e por isso está com aquela sombra em cima, mas penso que dá para ter uma imagem da planta. Vai levar ainda algumas alterações ao nível da inclinação, mas penso que se nota já melhor o trabalho ao nível da definição do ápice. Tenho de aproveitar este ano para encontrar um vaso adequado para transplantar no próximo ano. Este realmente é muito grande mas serviu o seu propósito que foi o de potenciar do desenvolvimento da planta.

Viva Nuno!

A árvore está a evoluir depressa Bom trabalho!

Não gosto muito do ramo da direita, tem o mesmo diametro do tronco, por contraposição o ramo que agora serve para ápice tem um bom movimento e conicidade!

Viva Mário!

Por acaso esta árvore tem evoluído bem e depressa. O vaso maior também tem contribuído para isso.

Em relação ao ramo da direita, a ideia no próximo envase é incliná-lo um pouco mais para acentuar a orientação han-kengai. A árvore também vai ter uma ligeira rotação para dar maior visão do ápice. Daí que penso que esse problema irá ficar menos acentuado no futuro.

Ainda há muito que trabalhar ao nível da ramificação e possivelmente ainda haverá ramos que agora estão muito grossos que irão ser encurtados e reconstruídos a partir de trás. Vamos ver como vai rebentar agora para começar esse trabalho.

Olá Nuno,

Realmente, a árvore tem-se desenvolvido bem. Parabéns pelo cultivo.

Eu estou com o Mário nesta árvore. Estou a analisar a árvore à distância e isso é limitador, mas provavelmente optaria pelo corte do ramo à direita do tronco e inclinaria na mesma à direita. Julgo que se perde fluidez no design, os olhos quando chegam à bifurcação têm tendência de ir para a direita, quando devem idealmente seguir para o topo da árvore.

Ao vivo pode ser diferente, mas fico com a sensação de que resultaria um shohin muito dinâmico se cortasses o dito ramo e inclinasses uns 5 a 10 graus para a direita. Vai mostrando a evolução.

Um abraço,
Pedro

olá nuno,
mas tenho de concordar com o pedro...a linha de tronco fica confusa com o ramo da direita com aquele diametro mais ao estilo de tronco principal em vez de ramo...ai vai a minha visão desta árvore, que muito facilmente la chegas se assim o entenderes...



grande projecto ai tens, parabens...

Boa Viriato!

Com uma maior inclinação para a direita ficará muito Taisho-en.

Quanto a vaso...

http://www.tokoname.or.jp/bonsai/minipot/61a32.htm

ou melhor ainda, 28A15:



A cor deste vaso vai muito bem com os frutos da espécie no inverno, na minha opinião (claro que é uma daquelas cores muito discutíveis). Quando a árvore puder ir para um vaso destes a crise já acabou e será mais fácil pagar os 200 aéreos que custa. (Always look on the bright side of life - Spamalot, Monty Python.)

Vai ser uma excelente árvore, parabéns!

Um abraço,
Pedro

No meu blog já tive uma indicação nesse sentido também. Tenho de pensar bem sobre o assunto. A ver como rebenta e depois logo hei-de decidir. Há tempo para a ideia amadurecer...

O meu eleagnus vai dando passos na sua evolução.

Ao longo do ano passado não lhe mexi. Infelizmente, às vezes não há tempo para se fazer tudo e esta planta foi um pouco negligenciada na sua formação. No entanto, por vezes um ano de descanso como este, com uma boa adubação e crescimento livre, ajudam a que a planta ganhe força e vitalidade para intervenções futuras.

Em 2013, fiz-lhe uma defoliação em Janeiro e depois levei-o à aula do Rui Ferreira no dia 26/01/2013. Após uma poda bem drástica, como se pode ver nas fotos (não tenho imagens de como estava antes), realizou-se o transplante da planta. A escolha do vaso demorou algum tempo e quando o Rui pegou neste vaso slovakia para experimentar para ver como ficava com esta forma, nunca imaginei que seria o vaso escolhido. Por comparação com o vaso inicial, pensei que não havia de caber lá dentro. No entanto, como haviam sido podadas a maioria das raízes grossas anteriores e como já haviam bastantes raízes finas, foi possível colocá-lo neste vaso.

O casamento entre a planta e o vaso é fantástico. Por ser um vaso mais pequeno do que o anterior, o tronco ganha muito mais volume e realce, sendo que a árvore parece imediatamente mais compacta. A cor do vaso é perfeita para esta espécie pois este azul joga muito bem com a cor da casca e folhas e no futuro com a flor e frutos. A forma também é perfeita para a estrutura han-kengai da planta, dando-lhe ao mesmo tempo uma aparência mais leve e feminina através das suas linhas curvas e dos pés.

Quando falamos de bonsai, muitas das vezes dá-se uma grande importância à planta mas esquecemo-nos daquele elemento fundamental de composição que é o vaso. Como o papel da moldura num quadro, que qualquer artista afirma ser fundamental para dar destaque e realce ao mesmo, o vaso é o complemento da árvore e o bonsai é o todo formado por estes 2 elementos. O vaso pode melhorar e dar destaque a determinados elementos da planta, valorizando a sua força ou as suas linhas mais femininas, dando mais destaque à floração ou frutificação, ou mesmo realçando pormenores como a cor e a textura da casca. Um mau vaso pode retirar valor à planta por não combinar eficazmente com os seus elementos. O vaso vai igualmente ganhando uma patina especial com a idade e aumentando o seu valor com o tempo, à semelhança da própria planta. Pessoalmente, tenho vindo a dar cada vez mais importância ao vaso e penso que o investimento num bom vaso é sempre positivo pois é qualquer coisa que vai sempre se valorizar com o tempo. Este vaso valeu o investimento feito e estou muito satisfeito por casá-lo com esta planta.

Quanto ao bonsai em si, a estrutura base está bem definida e durante este ano o trabalho vai assentar no desenvolvimento da ramificação da planta.

Viva Nuno!

A mudança de vaso, contribuiu para uma aumento exponencial da qualidade da planta! Uma coisa que acho que ainda falhamos bastante, é na medida dos vasos, exageradamente grandes! Os vasos usados no Japão são incrivelmente mais pequenos que os que utilizamos.

A proporcionalidade é muito importante para que as árvores sobressaiam e no teu caso nota-se isso muito bem! Agora é desenvolver a ramificação terciária!

Bom projecto e fica bem patente que se consegue fazer bonsai com árvores simples e de viveiro. Bonsai não vive só de Yamadori !

Viva Mário!

Realmente esta história dos vasos deveria ser muito mais debatida e abordada pelo pessoal do bonsai. É efectivamente um investimento e acresce ao valor da planta. Nesta então isso foi muito visível.

Eu tenho andado muito mais interessado na questão dos vasos nos últimos tempos e penso que isso é visível no meu blog no aumento dos links na secção da cerâmica. Há imensos ceramistas europeus que estão a produzir trabalhos de imensa qualidade e que isso deve ser divulgado. Infelizmente, o acesso directo aos vasos é muito difícil para se poder apreciar a qualidade dos mesmos. No Jardim Bonsai de Tavira têm lá alguns vasos de boa qualidade de ceramistas europeus e não ficam nada a perder para os japoneses.

Acho que a partir de um determinado momento de evolução da planta, o acréscimo final de qualidade é sempre dado pelo vaso e este ou puxa o valor para cima ou fá-lo cair para baixo.

Fiquei muito contente com este casamento e acho que na altura da frutificação, a cor do vaso vai casar muito bem com o laranja dos frutos.

Um abraço!

Olá Nuno,

O vaso é de facto excelente, fica muito bem com esta árvore. O ramo da direita que é mais grosso que a continuação do tronco em direcção ao topo é que me continua a incomodar. Tens algum plano para esse ramo ou para aumentar o diâmetro do tronco acima da sua saída?

Obrigado por partilhares a evolução desta árvore, é uma espécie que me agrada muito.

Um abraço,
Pedro

Viva Pedro!

A árvore ainda vai ter de evoluir mais um bocado daqui para a frente. Levou uma poda mais forte nesta intervenção porque esteve o ano passado a crescer livremente e precisou de uma reestruturação. Agora já está melhor composta com a folhagem primaveril.
Em relação ao calibre tronco/ramo, o topo ainda vai engrossar mais através de um ramo de sacrifício que eu deixarei crescer este ano. No que respeita ao ramo da direita, ainda vai ser alvo de algumas intervenções, possivelmente vai levar um uro numa zona que secou que vai-lhe dar maior conicidade e reduzir um pouco essa imagem mais pesada. Com o aumento da ramificação tb penso que vai ficar mais equilibrada.
Mas confesso que não é bem uma coisa que me incomode. Trata-se de um meio termo entre um shakan e um han-kengai. Como uma planta que foi tombada pela acção climática e pelo terreno ter cedido, tendo recuperado e continuado a crescer, em que um dos ramos assumiu a dominância apical.